domingo, 29 de janeiro de 2017

08- Crime perfeito (a mala)



O delegado ligou inúmeras vezes e só caía na caixa postal. Ele não podia imaginar que Cassiano se desfizera daquele número desde que matara o Josias. O escritor tinha pensado em todos os detalhes. Quando precisasse falar com a editora ligaria de um outro telefone.

A notícia do desaparecimento do agente não teve destaque na mídia. Nair era a única interessada em encontrá-lo. Ela estava certa de que começaria o ano bem acompanhada. O romance entre os dois prometia. O pessoal da editora acreditava que ele estava aproveitando suas férias.

Para o delegado de uma pequena cidade, tudo era mais difícil. Ele continuaria a investigar o caso, assim mesmo. Procuraria por algum familiar do Josias. Como ele tinha viajado no réveillon, poderia ter ido visitar algum parente, além do amigo. Não descansaria até obter alguma resposta.

A vida seguiu seu curso. Cassiano e Suzana passaram um mês alheios aos acontecimentos da sociedade. Sem tv, jornais e internet. Completamente desconectados! Dias de puro marasmo. Afinal, Cassiano achava que precisava se recompor. Passou a tomar calmante para dormir e não ter pesadelos. Os últimos pesadelos haviam sido horríveis. Ele estava cercado pelos corpos da ex esposa, dos pais da Suzana, da Rosa e do Josias. Encontrava-se entre àqueles zumbis que o olhavam com olhares acusadores.

Na pensão da Nair, o assunto preferido era o sumiço do Josias. Os amigos mais chegados zombavam dela. Quando ela estava pensando que ia desencalhar o pretendente deu no pé, havia tomado um chá de sumiço. Chegaram até a fazer uma aposta. Ele voltaria ou nunca mais daria o ar da sua graça?

A investigação continuava sem sucesso. Os parentes não tinham contato com o agente há algum tempo. Descobriram o nome da cidade para onde ele havia viajado, mas o nome e o endereço do tal amigo, não. A editora não sabia se o Josias tinha feito amizade com alguém no sul, além do Cassiano. Quando o delegado manifestou o desejo de conversar com o escritor, ninguém soube lhe informar onde ficava sua residência. O número de telefone que constava na agenda da editora estava desatualizado. Eles esperavam que o escritor entrasse em contato para obter o novo número.

No final do verão, Cassiano convidou a Suzana para fazerem um cruzeiro. Seria uma lua de mel tardia. Ficariam três meses em alto mar.
- Querida, tive uma ideia genial! Vamos viajar como se fôssemos outras pessoas, para a viagem ficar mais emocionante. 
- De onde você tirou essa ideia, meu amor? 
- Esqueceu que sou escritor? Vamos apimentar a nossa relação. 
- Vamos representar um papel? A troco do quê? Ninguém nos conhece, então os nossos nomes não importam.
- É exatamente por isso, querida. Como ninguém nos conhece vamos nos apresentar como o senhor e a senhora Lins.
- Será apenas uma brincadeira?
- Sim, porém, esses nomes constarão nos nossos documentos. A brincadeira será mais emocionante. Eu serei Joel e você, Ilana.
- Você já pensou em tudo, não é mesmo? Só está me comunicando. E se eu não topar esse jogo?
- Tenho certeza que você será uma boa atriz, acredite.
- Não estou entendendo o porque dos documentos com nomes falsos. Precisamos nos esconder de alguém?
- Já disse que dessa forma a brincadeira ficará mais emocionante, Suzana querida!
- Vou confiar em você e espero que não me decepcione, querido.

Cassiano tinha pensado em tudo, precisava se afastar por algum tempo. Imaginava que o desaparecimento do agente estava sendo investigado. Talvez, logo chegassem até ele. Não facilitaria a investigação.

O que ele não imaginava era que durante um período de seca, o rio onde estava a mala com o corpo da Belinda, estava com o nível da água abaixo do normal.

Tudo organizado para a viagem, o casal partiu. Cassiano deixou para trás os crimes cometidos. Esperava que ninguém se metesse novamente no seu caminho. Depois do cruzeiro pretendia fazer outras viagens.

Enquanto isso, um turista que estava passando uns dias no interior, saiu uma manhã para pescar. Ao jogar o anzol sentiu algo muito estranho quando puxou a vara. O peso era anormal, então ele resolveu verificar onde o anzol havia enroscado. Sua surpresa foi grande assim que descobriu onde estava o anzol!

- Uma mala? - perguntou a si no momento em que a puxou.
Arrastou-a para a beira do rio e viu que ela estava trancada com cadeado. Deixou-a ali e foi à delegacia. Quem jogaria uma mala fechada no rio? E por quê?

A mala foi resgatada e aberta pelo delegado. Todos que estavam presentes ali, deram um passo para trás. Dentro da mala, envolvidos num saco plástico, estavam os restos mortais de uma pessoa. Apesar do tempo em que ficou debaixo da água, o cheiro exalado foi horrível.

Naquela pacata cidade onde nada acontecia, de repente, coisas estranhas começaram a acontecer. Uma faxineira tinha tirado a própria vida, um hóspede da pensão da Nair, sumira e essa mala apareceu dentro do rio. Os investigadores teriam que arregaçar as mangas.

Os restos mortais foram enviados para o necrotério onde seriam examinados. A polícia precisava descobrir de quem era aquele corpo, mesmo que demorasse. O autor daquela barbárie fizera o máximo para deixar o corpo irreconhecível. E pelo estado deplorável do cadáver, chegaram à conclusão de que aquela mala ficara muito tempo dentro do rio.

A notícia sobre a mala encontrada pelo turista se espalhou pela cidade. O dono da banca de revistas se encarregou de passá-la adiante. Muitas indagações foram feitas pelas pessoas.

- Quem cometeu esse crime horroroso?
- De quem é esse corpo? 
- Os restos mortais são de uma mulher?
- Quanto tempo essa mala ficou dentro do rio?
- Por que a correnteza não carregou a mala?
- Será que a polícia vai descobrir o criminoso?
- Esse mundo tá perdido!

Num belo navio, ao lado da nova esposa, Cassiano viajava tranquilo. Nem passava pela sua cabeça que o corpo da ex havia sido encontrado.


Será que seus crimes começariam a ser descobertos?

Aguardem o próximo capítulo e as novidades que vêm por aí...

Quem se interessar pelos capítulos anteriores, seguem os links:


Sua visita é e será sempre bem vinda, obrigada!

                        Abraços,
                                               Cidália.

domingo, 15 de janeiro de 2017

07- Crime perfeito (sem saída)


Antes de ir ao aeroporto, Cassiano passara ali, na antiga, casa e deixara as luzes acesas. Josias precisava acreditar que a Suzana estava esperando por eles. Entraram e assim que Josias perguntou pela dona da casa, Cassiano tirou uma faca da bainha, que estava escondida debaixo da camisa, no cós da calça e esfaqueou o agente, diretamente no coração.

- Isso é para você parar de perguntar sobre a Belinda. Agora irá se encontrar com ela.
O agente esbugalhou os olhos e pronunciou uma palavra antes de cair.
- Maldito!

Cassiano arrastou o corpo para os fundos da casa onde já tinha deixado um buraco feito. Enterrou-o, tranquilamente, junto com seus pertences, incluindo o notebook e o celular. Sobre o buraco colocou alguns vasos de plantas. Deixou a casa limpa e organizada. Limpou o carro da Suzana para não deixar nenhuma digital do Josias. Voltou para a fazenda, tomou banho e deitou-se ao lado da esposa. Ela dormia como um anjo.

No dia seguinte, Cassiano acordou feliz e levou o café na cama para sua amada.
- Feliz ano novo, querida!
- Querido, pensei que íamos sair para passar o réveillon no restaurante onde reservei uma mesa.
- Você tomou um chá para aliviar a dor de cabeça e acabou dormindo. Não quis acordá-la. Fiz companhia a você, passamos o réveillon abraçados na cama.
- Vamos passar o dia fora, acordei com vontade de passear, querido.
- Vou levá-la a um lugar bem gostoso para o almoço e depois quero passar a tarde fazendo amor com você.
- Como você amanheceu animado! O que está acontecendo?
- Quero começar o ano pensando apenas em nós dois.
- Pelo jeito seu livro está fazendo sucesso.
- Querida, quero que você deixe seu trabalho. Vamos cuidar, juntos, da fazenda e vivermos um para o outro.
- Gosto do meu trabalho, me sinto útil e pretendo fazer carreira na profissão que escolhi.
- Não vamos discutir hoje, combinado? Cassiano era um homem paciente quando lhe convinha.
- Combinado! Te amo! - Suzana estava cada dia mais apaixonada e temia ceder se ele continuasse insistindo.

Ela estava nas mãos dele. Já cedera uma vez ao abandonar a casa da cidade para morar na fazenda. Deixara a casa fechada, porque poderia voltar a hora que quisesse se enjoasse da rotina no campo. Afinal, viajar todos os dias até o trabalho era cansativo.
Cassiano sabia que logo conseguiria seu objetivo. Era uma questão de tempo. Ele pretendia deixá-la afastada das pessoas, das notícias. Em casa, ele poderia ficar de olho nela, nos programas que ela assistia ou dos sites que acessava.

Três dias depois da viagem do Josias, a dona da pensão começou a ficar preocupada. Ele não deu notícias e como não havia fechado a conta, ela pensou que ele retornaria. Deixara algumas roupas no quarto. O pior que ela não sabia o número do celular dele. Não pensara em pedir seu número, Conversavam pessoalmente sempre que Josias estava por ali. Pensou em recorrer ao delegado, caso ele não aparecesse dentro de dois dias.

Antes de viajar ele dissera a ela que iria passar o réveillon com um amigo no sul do país e que voltaria em breve. Não lhe dera mais nenhuma informação. Quem era esse amigo? Qual era a cidade? Não sabia se ele tinha viajado de ônibus ou de avião. Sabia que ele não tinha carro, tinha chegado ali de táxi. O delegado poderia investigar.

O dono da banca de revistas sentiu falta do Josias. Ele passava todos os dias para comprar o jornal. Será que havia ido embora sem se despedir? Dissera a ele que o procurasse na pensão da dona Nair, caso lembrasse de algum fato sobre a Rosa.  Não simpatizava com as pessoas da cidade grande, mas com o Josias foi diferente. Sentiu uma grande empatia por ele.

Cassiano e Suzana almoçaram num restaurante tranquilo, nos arredores da cidade e voltaram para casa onde passaram a tarde do jeito que ele tinha planejado. Algumas pedras foram retiradas do caminho e ele esperava que não aparecessem outras. Precisava de um pouco de sossego. Nesses últimos meses sua vida tinha sido bem agitada. Tirando o tempo que ficou fora do país. Já estava com saudades de Milão.

Suzana começou o novo ano tendo problemas no trabalho. Ultimamente dormia demais e perdia a hora todos os dias. Não ouvia o despertador e quando comentava com seu companheiro, ele dizia que também não tinha escutado. Na verdade, ele estava colocando sonífero no chá que servia à esposa antes dela dormir. Ela aceitou aquele gesto como um carinho e ficou feliz em receber seus cuidados desde que perdera os pais. Não levou muito tempo para Suzana perder o emprego. Cassiano ficou feliz com a notícia, embora tenha disfarçado o seu contentamento.

A próxima providência dele, foi sumir com o celular da companheira. Já estavam sem telefone fixo, os pais dela usavam somente celular. O próximo passo seria cancelar a internet. Quanto à televisão, a parabólica havia queimado após uma tempestade e Cassiano adiava o seu reparo.

- Poderemos aproveitar o tempo para ler, pescar e namorar. - disse Cassiano abraçando-a.
- Mas, enquanto você escreve, preciso me ocupar de alguma maneira, querido.
- Você pode procurar nas coisas da sua mãe algumas linhas e agulhas de crochê ou tricô, se não achar nada, encomendaremos pela internet.
- Então temos que providenciar logo, pois em breve ficaremos sem internet, não é mesmo?
- Sim, quero fazer um teste para ver quanto tempo sobreviveremos sem essas coisas. Estou pensando em escrever uma nova história usando a máquina de escrever. Aquela, antiga, que encontrei no sótão.
- Poderemos aproveitar para fazer uma viagem, querido, o que acha?
- É o tudo o que quero, vamos viajar daqui um mês. Vou deixar que você escolha o lugar.

Para Cassiano tudo estava saindo como ele tinha planejado. Suzana era uma mulher fácil de controlar. Fazia o que ele queria , gostava de agradá-lo. Na fazenda, os dias transcorriam normalmente para o casal. Suzana adaptara-se à nova rotina. Estava sentindo-se de férias, sem ter que se preocupar com os horários.

Enquanto isso, Nair, a dona da pensão, não parava de pensar no Josias. Chegou a comunicar seu desaparecimento na delegacia e estava aguardando notícias. Se ele tivesse levado seus pertences, pensaria que ele havia ido embora sem se despedir. Ele poderia ligar para a pensão, pedir o número da conta e fazer o depósito referente aos dias que passara ali. Ela guardou suas roupas e calçados para entregar a ele quando pudesse, tinha esperança de revê-lo.

Através da ficha preenchida na pensão, o delegado entrou em contato com a editora e soube que fazia algum tempo que o Josias não dava sinal. A última notícia era que ele tinha viajado para o interior, nem sabiam o nome da cidade. Passaram para o delegado o telefone do Cassiano.

Pobre Josias, confiou na amizade e se deu mal! Até quando o Cassiano conseguirá se safar?

Deixe a sua opinião e se sentir vontade de acompanhar a história, seguem os links dos capítulos anteriores:

 1-http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/11/crime-perfeito.h…

 2-http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/crime-perfeito-reco…

3-http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/crime-perfeito-pesa…

4-http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/crime-perfeito-novo…


5-http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/crime-perfeito-duvi… 


6- http://contosdacabana.blogspot.com.br/…/crime-perfeito-pedr…

Obrigada pela visita!! Uma ótima semana a todos!

Abraços,
Cidália


domingo, 8 de janeiro de 2017

06- Crime perfeito (pedras no caminho)


Para Rosa a vida acabou sem ao menos ela saber o motivo. Cassiano arrastou-a para a cozinha, colocou-a em frente ao fogão com a porta do forno aberta e ligou o gás. Ele tinha calculado o tempo do clorofórmio. Saiu dali, voltou para sua antiga casa, pegou o carro e foi embora. Não encontrou ninguém pelas ruas. Quando os filhos acordaram de manhã não conseguiram entrar na cozinha. O cheiro de gás ainda era forte. Eles saíram e foram bater na porta do vizinho mais próximo.

- O que vocês querem a essa hora, crianças?
- Acordamos e não vimos a nossa mãe. Tem um cheiro muito forte saindo da cozinha.

O vizinho acompanhou as crianças e como não conseguiu entrar por causa do cheiro, ligou para o hospital. Quando a ambulância chegou, Rosa estava morta a algumas horas. Por sorte as crianças não foram afetadas, porque dormiam com a janela aberta. Havia grade de proteção e o quarto era bem afastado da cozinha.


A polícia foi notificada e chegou à conclusão de que a Rosa se suicidara. A casa não fora arrombada e não tinha vestígios de outra pessoa no local. O escritor não deixou marcas, protegera o calçado. A porta estava destrancada, porém, ela poderia ter saído para fazer alguma coisa e na volta ter esquecido de passar a chave.


As crianças foram acolhidas por uma vizinha até que os parentes fossem avisados. Era final de ano e o delegado achou melhor arquivar o caso. Segundo a opinião de alguns vizinhos, Rosa andava esquisita e estava passando por dificuldades para criar, sozinha, os filhos. Mas, por que ela escolheu justo aquela data para cometer o suicídio?


Na data marcada, Josias chegou à pequena cidade e foi ao local combinado para se encontrar com a Rosa. Cansado de esperá-la ele perguntou ao garçom se a conhecia. Ficou terrivelmente chocado com a notícia da sua morte. Saiu dali, foi à imobiliária e demonstrou o desejo de comprar a casa do escritor.


Durante a visita ao imóvel constatou que todas as obras de arte da Belinda continuavam lá, no seu ateliê. Ficou espantado ao ver todas aquelas peças ali. O que teria levado a artista a abandoná-las?  Nas visitas que fizera ao casal, reparara que a Belinda tinha um carinho especial pelas obras. Uma vez por ano ela escolhia as melhores peças e as enviava para uma exposição numa galeria da capital.


Pensou em telefonar para o Cassiano, mas achou melhor continuar agindo por conta própria. Resolveu ficar hospedado numa pensão para saber mais detalhes sobre a faxineira. Por que ela tinha que se suicidar, depois de terem marcado um encontro? Após as festas do final do ano ele iria à polícia e falaria sobre o e-mail que recebera dela. Por enquanto, apenas observaria as coisas, procuraria saber mais sobre a Rosa.


Conversando com um e outro pelo bairro ficou sabendo detalhes da vida do Cassiano e da Belinda que desconhecia. Como por exemplo, que o casal era considerado estranho por muita gente. Apenas a Belinda saía de casa para fazer compras ou levar algo ao correio. Cassiano era visto pelo carteiro e pela faxineira. Um homem sem amigos que só se comunicava através de seus livros. Tinha contato apenas com o pessoal da editora.


Josias descobriu que Rosa era uma mulher trabalhadeira, que dava duro para criar os filhos e apesar das dificuldades nunca reclamou da vida. Tinha uma faxina marcada para o dia seguinte a sua morte e para os dias subsequentes. O motivo dela estar esquisita, aos olhos de algumas pessoas, era a curiosidade sobre a ex patroa. O dono da banca de revistas contou para o Josias que desde o dia em que ela viu a foto do escritor com uma nova mulher que ficou querendo saber notícias sobre a Belinda. Chegou a trocar algumas ideias com ele depois de comprar a revista.


- Várias vezes ela repetiu que estava lá quando o ex patrão foi embora e ele sequer olhou para trás, como se tivesse com pressa de abandonar aquela casa. - Disse o dono da banca.

- O senhor chegou a conversar com ela outras vezes? - Perguntou o Josias.
- Sim, ela passou no dia seguinte e comentou que tentou encontrar o escritor nas redes sociais e que havia conseguido o e-mail do agente dele. 
- Cassiano não é homem de ter contas em redes sociais. Acredito que o e-mail dele só eu e algumas pessoas ligadas à editora temos conhecimento.
- Depois desse dia, ela não apareceu mais.
- Agradeço pelas informações, se lembrar de mais alguma coisa, é só me procurar na pensão da dona Nair.
- Combinado.

Ligar para Cassiano estava fora de cogitação. Era melhor continuar agindo por conta própria e tentar descobrir onde estava a Belinda. Talvez encontrasse ali alguém que tivesse tido contato com ela. Quem sabe, uma amiga?


Para Cassiano, matar estava tornando-se um hábito. Seu lado mau aflorara de tal maneira que ele se sentia admirado. De uma hora para outra, aquele homem que passou anos dedicando-se à escrita, envolvido num mundo fictício, transformou-se num assassino. Parecia tão fácil se desfazer de uma pessoa. Nos seus pesadelos ele via sua esposa, os pais da Suzana e agora a Rosa.


Porém, no dia seguinte, os pesadelos ficaram esquecidos e ele voltara a se concentrar no projeto de um novo livro. Havia pensado em ficar um tempo sem escrever para curtir a vida, mas como a Suzana tinha seu trabalho, ele precisava ocupar seu tempo de alguma forma. Aos poucos ele dominaria completamente sua nova companheira, era só ter paciência.


Quanto ao agente, Cassiano cogitou a ideia de dar um jeito nele, se ele insistisse em saber notícias sobre a Belinda. De repente, lembrou do telefonema dele falando sobre o e-mail da faxineira. Não precisava de ninguém fuçando a sua vida.  Ligou para ele e convidou-o para o réveillon.


- Vou pegá-lo no aeroporto, quero que você conheça minha nova casa e dê seu parecer no meu novo projeto.

- Estou de férias, amigo, curtindo a natureza no interior. Me hospedei numa pensão e estou de olho na dona. 
- Traga-a com você, ela vai gostar do passeio. Será meu presente para vocês.
- Duvido que ela aceite o convite. Os filhos estarão aqui nesse dia.
- Mais um motivo para você vir para cá. Com os filhos em casa ela não vai notar a sua ausência.

Quando queria, Cassiano era bem convincente. Josias acabou aceitando o convite. Estava curioso para conhecer a casa nova do escritor e queria conversar com a Suzana. Pretendia descobrir algumas coisas nesse encontro. Mal sabia ele que a sua cama estava feita, como diz o ditado popular.


No dia combinado com o agente, Cassiano colocou um sonífero no chá da Suzana, deixou-a dormindo e foi ao aeroporto. O voo aterrissou às 21 horas e Cassiano estava lá esperando pelo Josias. Naquele momento, o aeroporto estava lotado e naquele vai e vem, ninguém reparou nele.


- Como está a Suzana? - Perguntou o Josias.

- Ela está nos esperando.
- Então, enfim vou conhecer sua nova casa.
- Na verdade estou morando com a Suzana, a casa é dela.
- E aí, conseguiu entrar em contato com sua ex para desejar um feliz ano novo?
- E por que eu iria querer falar com ela? O que passou, passou. 
- Muitos casais continuam amigos depois que se separam. - Insistiu o agente.
- Pode ter certeza que não era o nosso caso. - Cassiano estava perdendo a paciência com aquela conversa.

Chegaram à casa da cidade, que havia ficado fechada. Nenhum vizinho notou quando o carro entrou na garagem porque, os poucos que haviam na redondeza, estavam viajando. Nessa época do ano eles passavam uma temporada na praia. Cassiano estava bem informado.


A curiosidade da Rosa fez com que ela perdesse a vida. E o Josias, terá saída?


Acompanhe toda a história acessando os links abaixo:


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Obrigada pela visita! Seu comentário é muito valioso para mim!!


Abraços carinhosos,

Cidália.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Refletindo sobre a vida!



Vou começar este texto com uma pergunta. Quais os segredos que se escondem na mente de uma pessoa? Na mente de uma pessoa diagnosticada com Alzheimer?

Ela sai desnorteada pela rua em busca de encontrar alguém para conversar. Precisa falar, desabafar. Quer encontrar uma pessoa que a ouça, que lhe dê atenção. Sente-se sozinha em casa, solitária, num domingo no final da tarde. Sai com um livro na mão, um livro lido e relido para passar o tempo. Ou será para tentar memorizar a leitura?

Resolve parar na casa de uma conhecida e entra alegre por ser bem recebida. Assusta-se com as cachorras que latem no quintal, mas em seguida vê uma amiga, irmã da sua vizinha e alegra-se. Ela sabe que será ouvida e compreendida.

- Oi, tudo bem?
- Não aguento mais essa vida. Ninguém me escuta, não me deixam fazer nada. Tenho que comer o que eles comem, quando eles sentem fome. Outro dia fiquei com vontade de tomar um sorvete quando vi o pote vazio na casa da minha filha. Ela saiu para comprar e voltou com um copinho de sorvete.

Até que ponto as palavras proferidas por ela são verdadeiras? As dúvidas vão aumentando ao passo que ela vai reclamando da sua vida. Não é possível que os filhos tratem tão mal uma mãe.

Através das suas falas percebe-se que algumas são inventadas, imaginadas. Criadas, talvez, para fugir da realidade. Ou quem sabe, façam parte da doença! Ela sente a necessidade de falar e fala muito, tropeça nas palavras, floreia-as. São palavras de ressentimento, de angústia, de sofrimento.

A vizinha pergunta:
- Alguém sabe onde você está?
- Não – ela responde – ninguém se importa comigo. 
- E se eles tiverem te procurando?
- Quem dera alguém me notasse, sentisse a minha falta! Me tornei uma pessoa insignificante, sou desprezada e inútil, tratada como louca. E eu não estou louca. Louco rasga dinheiro e eu não faço isso, se bem que faz muito tempo que não vejo algum dinheiro.

-  Não fale assim, foi você que se deixou dominar, se entregou sem reclamar. Ainda está em tempo de assumir sua vida de volta. Você pode viajar, conhecer novas pessoas. Faça alguma coisa para voltar a ser a mulher de antigamente. Vá à igreja, seja útil para alguém.

Conselhos à parte, algumas histórias contadas por ela parecem fantasiosas. Parecem cenas de filmes que tratam sobre o tema (Alzheimer). As amigas, de repente se dão conta de que ela está agitada, confusa. Ela tropeça nas palavras, conta e reconta alguns fatos, reclama e reclama!

- Às vezes tenho vontade de sair de casa, alugar um cômodo para morar sozinha. Outras vezes penso em morar com minha neta, gosto muito dela. Posso cuidar da casa enquanto ela estuda.
- Olha, leva esse livro para você ler. É um romance muito bonito e assim você vai poder viajar através da história – disse a vizinha, mudando de assunto.
- Isso, amiga, ler vai ajudar você a passar o tempo – falou a irmã da vizinha – sem contar que é um ótimo exercício para a mente.
Com o livro na mão ela foi embora prometendo voltar outro dia para uma nova conversa.

Na semana do Natal, três amigas vão visitá-la, levam alguns salgadinhos, refri e panetone. Dizem a ela que não querem ouvir reclamação, querem apenas brindar a amizade. Conversam e riem! Ela diz que passará o Natal com uma das filhas. Pena que ainda não comprou o vestido que tanto queria.


Assim é a vida! Ninguém sabe o que o espera.

Mas, independentemente do que acontecer, que o amor seja o principal ingrediente da felicidade!!

Que 2017 seja um ano de muitas realizações para você que está lendo esta reflexão!
Que você tenha saúde abundante, como a música...

"Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender"

Aos blogueiros, muito sucesso!!


Um abraço,
Cidália.

PS:
Neste segundo dia do ANO resolvi publicar este texto e deixei para dar continuidade à história "Crime perfeito" a partir do próximo domingo. Quem está acompanhando-a, por favor, não fique chateado (a) comigo.