segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Vida às avessas Xll (angústia)





Quando dona Josefa acordou estava na cama. Será que ela teve um pesadelo? Tentou se levantar, mas não conseguiu. Ouviu vozes. Não reconheceu nenhuma voz. Olhou a sua volta e não reconheceu o quarto.

O que estava acontecendo com ela? Fechou os olhos e voltou a dormir. As pálpebras estavam pesadas. Num canto do quarto o filho Jesuíno conversava com a enfermeira.

- Como ela está? Parece que tem muito sono!

- É o efeito dos medicamentos. Ela fraturou o fêmur com o tombo - disse a enfermeira.

- Quanto tempo ela vai ficar internada? Não vou poder ficar aqui com ela, tenho meu trabalho.

- Ela precisa de acompanhante meu senhor.

- Vou telefonar para minha esposa. Assim ficarei sabendo direito o que aconteceu.

Ao falar com a esposa, Jesuíno soube que a mãe fora encontrada, caída na rua, pela faxineira que estava passando, de bicicleta, naquele momento. Foi ela quem telefonou para a emergência pedindo ajuda.

Iracema falou que ficaria com a sogra naquela noite, mas queria que o marido avisasse os outros irmãos. Eles que viessem buscar dona Josefa. Ela não ia ficar cuidando dela.

Jesuíno entrou em contato com um dos irmãos e contou o que aconteceu. Jaime ficou de buscar a mãe quando ela tivesse alta. Se comprometeu de avisar os outros irmãos.

Jaime ligou na escola e pediu para falar com a Sueli, era um caso de emergência. No momento em que Ariana tomou conhecimento do estado de saúde da sua avó, não pensou em mais nada. Arrumou suas coisas e foi para a rodoviária. Há algum tempo ela estava planejando visitar a avó. Deveria ter ido antes, talvez tivesse evitado o acidente da pobre mulher.

Dona Josefa abriu os olhos e viu a neta querida ao seu lado. Ficou muito feliz. Na noite anterior sentiu-se mal ao ver que a nora estava no quarto. Iracema agiu friamente, como se estivesse ali apenas para cumprir uma obrigação.

Os dias de agonia passaram lentamente para dona Josefa. Ela recebeu a triste notícia de que teria dificuldade para caminhar. Precisaria de apoio. O que seria dela? Ela não queria dar trabalho para ninguém.

Ao receber alta, Josefa e a neta foram levadas para casa pelo Jesuíno. Teriam que esperar a chegada do Jaime.

Ariana sentiu um mal estar quando entrou naquela casa onde fora desprezada por alguns anos. Teve que fazer um esforço para não dar meia volta e fugir dali.
Iracema mal as cumprimentou e saiu para passar o dia com uma das filhas. Antes de sair disse para o marido que tinha comida na geladeira, era só esquentá-la.

Ariana ajudou a avó a arrumar as suas coisas. A avó estava triste e abatida. Estar ali, mesmo sabendo que seria por pouco tempo, só aumentava a sua angustia.

No final da tarde, Jaime chegou para pegar a mãe e a sobrinha. Jesuíno não os convidou para passarem a noite na sua casa. Mal trocou duas palavras com o irmão. Também não tocou no assunto sobre o empréstimo com a mãe.

Jaime pegou as duas mulheres e as levou dali o mais rápido possível. Tinha alguma coisa naquela casa que o deixava amargurado. Passaram a noite num hotel e partiram na manhã seguinte.

Dona Josefa ficaria na escola com a filha e as netas, ocuparia o quarto do neto. Em breve sairiam dali. Sueli estava comprando uma casa nos arredores. O dinheiro que lhe coube pela venda da propriedade da mãe e mais suas economias foi suficiente para adquirir um pequeno imóvel.

Elizandra recebeu a irmã com uma boa notícia.

- Mana, soube que o Geraldo terminou com aquela moça. Ele descobriu que ela estava enganando-o. O filho era de outro rapaz. Não sei todos os detalhes, sei apenas que ele veio morar com o tio. Vai arrumar um emprego por aqui.

O semblante da Ariana se transformou. A esperança voltou. Seu coração se alegrou. Se ele a procurasse agiria diferente. Quanto a sua mãe, ela teria que entender que o Geraldo não tinha culpa do que o tio fez no passado.

Sueli estava animada com a mudança. A nova casa não era tão grande, porém daria para abrigar a sua família com conforto. As quatro mulheres dividiriam o quarto maior. Seria por pouco tempo. Elizandra logo casaria e teria sua própria casa.  O quarto menor seria para o José Carlos.

As moças teriam um beliche. Sueli ficaria na cama de casal com a mãe. A sala e a cozinha eram espaçosas. O quintal era de bom tamanho. Elas poderiam fazer uma horta e um jardim.

Dona Josefa, cercada de amor e carinho, parecia outra pessoa. Começou a se interessar novamente pelos trabalhos manuais. Fez planos de ajudar a filha na reforma da casa. Queria construir mais um quarto na casa.

Pediu que Sueli a acompanhasse ao Banco para ver seu saldo da poupança. Enquanto estava na casa do Jesuíno era ele quem controlava sua conta. Ao tomar conhecimento do saldo, dona Josefa ficou indignada.



O que teria aprontando o Jesuíno dessa vez?


Aguarde mais um trecho desta história na próxima semana!

Sua visita me deixa muito feliz!!
Obrigada!
Abraços!!

Cidália.

PS: Mais um belo desenho feito pelo meu sobrinho Marcos Wagner!























sábado, 19 de agosto de 2017

Vida às avessas XI (ignorada)



Quem será a moça por quem Geraldo estava apaixonado? Ariana foi dormir pensando no olhar que recebera dele durante o momento em que se encontraram, por acaso, naquele dia. Ela não entendia nada sobre o amor, apenas sabia que desde que o vira, pensava nele o tempo todo. Aquele moço mexera com a sua cabeça e seu coração. Estaria apaixonada por ele? 

Sua irmã mais nova parecia uma manteiga derretida quando falava do noivo. Contava sobre as palpitações que sentia quando estava com ele, da vontade de tê-lo junto a si. Isso era o amor? De uma coisa Ariana tinha certeza. Tinha que esquecer aquele rapaz. Ele ia casar com outra. Logo seria pai. Precisava arcar com suas responsabilidades. 

Como dona Sueli não tinha condições de comprar o enxoval para a Elizandra, as três mulheres começaram a fazê-lo nos finais de semana e nas horas de folga.  O dinheiro que lhe coube pela venda da propriedade da mãe, Sueli juntou com suas economias para comprar uma casa. O contrato com a escola estava para vencer.

Na casa do Jesuíno as coisas não estavam correndo bem para dona Josefa. O casal, agora sem as filhas, não parava em casa nos finais de semana. Dona Josefa ficava sozinha e se virava na cozinha.

Iracema transformou o quarto que era das filhas num quarto de hóspedes. Colocou uma cama de casal. O quarto ficaria a disposição quando uma das filhas fosse com o marido visitá-los. 

Dona Josefa passava os dias sem ter com quem conversar. Até mesmo na hora das refeições, Iracema a deixava falando sozinha. A faxineira, que trabalhava três vezes por semana, é que trocava algumas palavras com ela quando Iracema não estava por perto.

Se Iracema visse a sogra conversando com a mulher, chamava a atenção das duas. 

Quando Jesuíno chegava em casa, só conversava com a mãe se estivesse precisando de ajuda financeira.

- A senhora pode me emprestar o dinheiro para o pagamento da conta de luz?

- Meu pagamento está atrasado, a senhora me empresta uns trocados?

Uma noite, sentindo um aperto no coração, dona Josefa puxou conversa com o filho.

- Jesuíno, quero que você me leve para a casa da Sueli.

- Só posso levar a senhora nas minhas férias no final do ano.

- Então eu quero ligar e pedir para um dos seus irmãos vir me buscar.

- Eles não estão preocupados com a senhora pelo que vejo. Nunca mais telefonaram.

- Falei com Ariana e Sueli  no dia do casamento das gêmeas. Elas ligaram.

- Nossa - falou Iracema - as meninas se casaram há dois meses!

- Eles devem estar esperando a minha ligação - argumentou dona Josefa - não posso ficar esperando que só eles me liguem. 

- Não sei onde guardei a chave do telefone - mentiu Iracema. 

O jeito era esperar que alguém ligasse para ela, pensou dona Josefa. Foi para o quartinho dos fundos, onde dormia, e arrumou suas coisas. 

Sueli e as filhas, envolvidas com a correria do dia a dia, se deram conta de que estavam sem notícias da dona Josefa há um bom tempo. Não podiam ficar usando o telefone da escola.  O orelhão que havia naquela rua fora depredado. 

Estavam, também, sem notícias do filho. José Carlos, atolado com os trabalhos escolares, estava sem tempo para visitar a família ou para escrever.  Só podia ligar para o telefone da escola em caso de emergência. Seu tio também estava cheio de trabalho.

Jurandir estava viajando a trabalho e não estava preocupado com a mãe. Imaginava que ela estava bem. 

Ariana teve a ideia de ir visitar a avó. Prometera a si que não pisaria mais naquela casa onde fora maltratada, mas seria por uma boa causa. Precisava saber como a sua vó estava. Desde o último telefonema estavam sem notícias. Começou a se organizar para viajar.

Numa certa manhã, dona Josefa amanheceu pensando em como ela e a neta Ariana tinham muito em comum.  Ariana sofreu naquela casa quando perdeu o pai e ela estava sofrendo ali desde que perdera seu companheiro. As duas tiveram a vida virada às avessas, respirando o mesmo ar que o Jesuíno.

A diferença era que a pobre Ariana não tivera escolha,  e ela aceitara o convite do filho. Se não tivesse ido com ele, certamente estaria bem melhor.

Que mal havia naquela casa ou nos corações daqueles dois, seu filho e a esposa?Ela saiu sem que a nora percebesse. Queria caminhar, respirar o ar puro. Foi andando sem rumo, perambulando, com a mente cheia de pensamentos tristes. 

Não encontrou ninguém pelo caminho, a rua estava deserta. Era uma rua de pouco movimento. Começou a sentir uma zonzeira, talvez fosse fome. Deu meia volta, precisava comer alguma coisa. 

Mas, de repente, a visão ficou turva e ela sentiu que estava caindo. Estaria morrendo?

O que terá acontecido com dona Josefa? Acompanhe no próximo domingo a sequencia desta história.

Sua visita me deixa muito feliz!

Abraços,

Cidália.












domingo, 13 de agosto de 2017

Vida às avessas X (desilusão)



Ao caminhar pelos cômodos da casa, esperando encontrar alguém, dona Josefa respirava fundo para não derramar nenhuma lágrima. O silêncio reinava, a casa estava vazia! Ela saiu no quintal, talvez o filho estivesse esperando-a no carro. Porém, a garagem estava fechada.

O jeito era esperar. Certamente, Jesuíno viria buscá-la. Provavelmente, o carro estava lotado e ele voltaria em seguida. 

Dona Josefa pegou seu crochê para passar o tempo. Pensou em chamar um táxi, mas como estava confiante de que iria com o filho, não pegou o endereço do clube. O casamento seria realizado no próprio clube e não na igreja.

O telefone tocou, dona Josefa levantou-se e foi atender.

- Alô! Com quem gostaria de falar?

- Vovó, não reconheceu minha voz? Sou eu, Ariana. Como a senhora está? Estamos com muita saudade. 

- Oi, meu bem, eu também estou com muita saudade de vocês. Vou pedir para o Jesuíno me levar embora.

- Que bom vovó! Ficaremos felizes com a senhora aqui conosco. 

- Quero ajudar sua mãe a comprar uma casa, vou morar com vocês.

- Cadê o pessoal, vó? Sempre que ligamos alguém atende e diz que a senhora está descansando.

- Saíram. Hoje as gêmeas estão casando. É dia de festa para a família.

- E o que a senhora está fazendo em casa, vovó? Devia estar participando da cerimônia!

- Eu preferi ficar em casa, minha filha. Não gosto de tumulto - dona Josefa não teve coragem de contar para a neta que não a levaram.

- Que pena, vovó! Mas, eu entendo a senhora. Em breve estaremos juntas, se Deus quiser.

As duas conversaram por mais algum tempo e Ariana notou pela voz da avó que ela parecia triste. Devia ser por causa da saudade. Sueli aproveitou para conversar com a mãe, já que ela estava ao telefone. Contou que a Elizandra estava namorando e em breve ficaria noiva.

No final do dia, Jesuíno e a esposa chegaram em casa. As filhas foram diretamente para o hotel onde passariam a noite. Partiriam na manhã seguinte, cada uma com seu marido, para o destino escolhido. Ficariam algumas semanas em lua de mel.

Dona Josefa continuava sentada fazendo seu crochê. Não levantou a cabeça e não perguntou sobre o casamento. Jesuíno e Iracema se olharam e seguiram para o quarto. Estavam cansados e sem disposição para inventar desculpas.

Na manhã seguinte, o casal acordou cedo e saiu para passear. Eles pretendiam passar o domingo no clube para relaxarem.

Ao levantar e ir para a cozinha, dona Josefa notou que estava sozinha novamente. Preparou seu desjejum e foi para o quintal. Sentou-se num banquinho, debaixo de uma árvore, para ouvir o canto dos pássaros. Precisava tomar uma atitude e queria refletir.

Ariana saiu com a irmã para tomar um sorvete e ao passar pela praça viu o Geraldo acompanhado de uma bela moça. Era uma moça esbelta e chique. Parecia um pouco mais velha que ele. Eles estavam de mãos dadas e agiam como namorados. 

Bem feito para ela, pensou. Quem mandou agir como uma boba no dia em que ele lhe deu uma cantada? Àquela moça que o acompanhava parecia muito diferente dela.

- Por que você olha tanto para aquele casal, mana? - perguntou Elizandra.

- Não te contei antes porque a mamãe disse que aquele moço é sobrinho do seu Manoel que logrou o papai. Ele me parou no dia que eu ia passando por aqui e se apresentou. Eu não lhe dei atenção. Comentei com a mamãe e ela disse que nem queria ouvir falar sobre ele por causa do tio. 

- Poxa, mana, que pena! Ele é muito bonito. Mas, se ele tinha se interessado por você poderia ter insistido mais.

Ariana ficou com o coração partido e não percebeu a olhada que o Geraldo lhe deu ao se cruzarem. Daquele dia em diante deixaria de sonhar com ele. Seguiria sua vida ao lado da mãe e da avó. Provavelmente sua irmã seria a próxima a se casar.

Naquela noite quando Noel, o noivo da irmã, chegou para jantar na sua casa, foi logo despejando as informações. Parecia que ele tinha lido a mente da futura cunhada.

- Oi, boa noite! Vocês não imaginam o quê uma mulher pode fazer com um homem.

- Do que você está falando, querido? - quis saber Elizandra - eu fiz alguma coisa com você?

- Não estou falando de você, meu amor. Estou falando do sobrinho do seu Manoel.

- Desculpe meu rapaz, mas não quero ouvir esse nome - pronunciou dona Sueli.

-Ah, mamãe, deixe que ele conte o que ficou sabendo. Estamos curiosas - Elizandra não se aguentava de tanta curiosidade.

- Fale de uma vez, então, rapaz - Sueli abriu uma exceção por conta do pedido da filha.

- Parece que o moço estava apaixonado por alguém, mas numa noite de bebedeira acabou se envolvendo com uma moça rica e ela engravidou. Agora ele não tem coragem de abandoná-la, por causa do bebê, foi o que ouvi no trabalho.

- Nossa, coitado desse rapaz - Elizandra deu uma piscada para a irmã - então ele é gente boa, não puxou o tio.

Avó e neta sentem-se desiludidas por motivos semelhantes mesmo sem uma saber o que está acontecendo com a outra.

Dona Josefa, por causa do comportamento e atitudes do filho e da nora.  

E Ariana por ter encontrado o rapaz, por quem suspirava em seus devaneios, com outra moça.

Qual será o destino destas duas mulheres que têm muito em comum?

Não deixe de ler o próximo capítulo!


Sua visita me deixa muito feliz.

Obrigada!

Cidália.

PS: Meu agradecimento especial ao meu sobrinho, Marcos Wagner, por mais uma ilustração!









domingo, 6 de agosto de 2017

Vida às avessas IX (ganância)



Dona Josefa tinha pouca leitura, mal sabia assinar seu nome, mas como tinha plena confiança no filho, não se preocupava com os detalhes. Ela não precisou do consentimento dos filhos para vender a propriedade. Sua idade ainda lhe permitia que fosse responsável pelos seus atos.

O dinheiro recebido pela venda da propriedade foi dividido igualmente entre os filhos e a parte que lhe coube, dona Josefa pediu ao Jesuíno que abrisse uma conta no Banco para ela. Depois que as gêmeas se casassem ela pretendia voltar para sua cidade e morar com a Sueli. 

-Sabe, Jesuíno, sei que vai ser difícil a Sueli comprar uma casa com a parte do dinheiro dela. Se eu for morar com ela posso ajudá-la. 

-Não se preocupe com a Sueli, mamãe. Com o dinheiro que ela recebeu poderá dar a entrada numa casinha e vai pagando as prestações.

-Coitada da Sueli, é a única que não tem onde morar. Mora de favor numa escola! Ainda teve que arrumar lugar para guardar as minhas coisas quando desocupou a minha casa.

-Nem era tanta coisa, mamãe. A senhora só pediu que ela guardasse as coisas de valor, o restante mandou que doasse.

Na escola, Sueli e as filhas tiveram que guardar as coisas de dona Josefa no quarto do José Carlos. Ele usava pouco aquele quarto. Só visitava a família nos feriados prolongados.

Ariana seguia a sua rotina, ajudava a mãe, fornecia marmitas e lecionava como leiga. Ainda tinha esperança de reencontrar o Geraldo. Sempre que passava pela praça olhava para o bar do tio dele.

Elizandra começou a namorar com o filho de uma professora, um rapaz bom e trabalhador. Ele era dois anos mais velho que ela. Trabalhava durante o dia como frentista e estudava a noite. Pretendia ser professor de matemática.

Na casa de Jesuíno as coisas começaram a mudar. Iracema e as filhas se afastaram da dona Josefa. Davam-lhe o mínimo de atenção. As três saíam sempre, com a desculpa de comprar alguma peça para os enxovais ou simplesmente para dar uma volta.

Quando dona Josefa perguntava ao filho sobre a reforma do quarto ele desconversava, pois não tinha intenção de gastar a sua parte do dinheiro.  

Se um dos filhos ligava para saber dela, Jesuíno dizia que estava tudo bem e mal deixava a mãe conversar. E se um deles sugeria uma visita, Jesuíno era grosseiro com os irmãos.

-Mamãe está muito bem aqui, não se preocupe. Não temos quarto de hóspedes e o hotel fica longe. 

Ao se aproximarem da data do casamento das gêmeas, Jesuíno e sua esposa pediram dinheiro emprestado à dona Josefa.

-A senhora não precisa desse dinheiro e nós estamos precisando nesse momento.

-Você recebeu a sua parte, o que fez com o dinheiro, Jesuíno?

-Paguei umas dívidas que estavam atrasadas e agora temos que oferecer uma festa de casamento para as meninas.

-Estão contando com a minha parte para a festa? Não está certo isso! Se você não pode pagar uma festa para suas filhas, elas que casem sem festa.

-Vou pagar a senhora, se faz tanta questão desse dinheiro. Mas, aqui em casa a senhora não tem nenhuma despesa e ainda tem a pensão do papai.

-A pensão é uma mixaria, meu filho, mal dá para os medicamentos.

-Não precisa me emprestar tudo, só uma parte. Assim que eu puder pagarei a senhora. Meus irmãos não precisam ficar sabendo.

-Se é assim, vou te emprestar. 

Jesuíno com sua lábia, tinha o poder de convencer a mãe. Ele era muito esperto. A sua parte do dinheiro estava aplicada. Ele queria era sugar a sua progenitora. Sabia que se ela fosse embora ia acabar dando o dinheiro para a Sueli.

Dona Josefa emprestou o dinheiro a ele e não teve coragem de contar aos outros filhos. Não queria que eles pensassem mal do Jesuíno. No fundo sabia que os irmãos não gostavam muito dele e da sua esposa, a achavam antipática e orgulhosa.

O tempo foi passando lentamente para algumas pessoas e muito rápido para outras. 

Ariana estava com muita saudade da avó e não conseguia falar com ela. Cada vez que ligava, uma das primas ou a tia dizia que a avó estava descansando. 

Com Sueli ou os irmãos acontecia a mesma coisa. Mesmo que ligassem em horários diferentes, a desculpa era de que a avó estava descansando e não podia atender, mas que ela estava bem de saúde.

Chegou o dia do casamento das gêmeas. Os noivos acharam melhor casarem no mesmo dia e dividirem a festa. Optaram por uma festa íntima, num dos clubes da cidade. Apenas a família e os amigos mais chegados foram convidados. Resolveram investir na lua de mel. Um casal iria para a França e o outro para Cancun.

Dona Josefa vestiu a sua melhor roupa  e quando saiu do quarto encontrou a casa vazia.

Será que esqueceram a pobre mulher?

Não deixe de acompanhar a história no próximo domingo!

Grata pela visita!
Abraços,
Cidália.